domingo, 11 de abril de 2010

Obrigada Felipa!!

Muito Obrigada, pelas imagens, poemas, e comentarios. O poema "Alvorada" fez me lembrar muitas converças com o Amancio pois ele contava sempre muitas coisas a cerca do mar e as pescas e muitas vezes a palavra "alvorada" aparecia mas eu nunca soube o que significava, e o pior é que nunca lhe perguntei para que ele não brinca-se com a situação( Olha não sabe o que é alvorada!). E esse poema ainda tem mais sentido com a foto que o daniel tirou no dia 17 de Dezembro.
Mais uma vez muito Obrigada.

sábado, 10 de abril de 2010

Alvorada

Eterna saudade







Recordando o Amâncio




Recordando o Gilberto





domingo, 7 de fevereiro de 2010

Com os mortos

Os que amei, onde estão? Idos, dispersos,
arrastados no giro dos tufões,
Levados, como em sonho, entre visões,
Na fuga, no ruir dos universos…

E eu mesmo, com os pés também imersos
Na corrente e à mercê dos turbilhões,
Só vejo espuma lívida, em cachões,
E entre ela, aqui e ali, vultos submersos…

Mas se paro um momento, se consigo
Fechar os olhos, sinto-os a meu lado
De novo, esses que amei vivem comigo,

Vejo-os, ouço-os e ouvem-me também,
Juntos no antigo amor, no amor sagrado,
Na comunhão ideal do eterno Bem.

(Antero de Quental)

Este soneto de Antero eleva-nos ao encontro daqueles que amamos e que já não se encontram entre nós fisicamente, dando-nos a certeza de que estarão sempre connosco. Com eles poderemos falar e conversar, desabafar mágoas e relatar alegrias, pois nos ouvirão e entenderão como ninguém...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Barquinho que vais passando

Escrevi este poema há mais de um ano, mas só dele me lembrei por ocasião do naufrágio e publiquei-o então num dos meus blogues. Houve nessa altura alguém que o leu e copiou para outro blog, alguém que sabia do acontecido e que deve ter pensado que o escrevi a pensar nos dois rapazes, pois publicou-o aludindo ao naufrágio dos dois.
Resolvi dedicá-lo realmente ao Amâncio e ao Gilberto, como singela homenagem.


Barquinho que vais passando
No rio da minha terra
Quantos sonhos vais levando
Quantas marés vais matando
Como se foras pra guerra?

Lentamente, lentamente
Olho o rio e olho o mar
Na distância de um batel
Que nunca me leva nele
Por ter medo ao meu olhar.

Olha o barco sem barqueiro
Que vai vogando no rio
Onde está o marinheiro
Destemido e aventureiro
Que matará meu fastio?

O rio passa e não passa
Só eu passo e ele não
Que meu sonho o embaraça
E ele finge ser vidraça
Com cortinas de ilusão.

Olho o barco, olho o rio
Olho as vagas uma a uma
Será que aguento o fastio
Sem temor nem arrepios
De vogar por esta bruma?

Tanta bruma e nevoeiro
Que engolem o meu barquinho
Onde está o marinheiro
Destemido e aventureiro
Que guiará seu caminho?

Lentamente vai vogando
De encontro às marés
Que me chamam, pranteando
Os sonhos que vou deixando
Nas quimeras que não vês…

(Felipa Monteverde)

Naquela janela virada pro mar



Cem anos que eu viva não posso esquecer-me
Daquele navio que eu vi naufragar
Na boca da Barra tentando perder-me
E aquela janela virada pro mar

Sei lá quantas vezes desci esse Tejo
E fui p´lo mar fora com a alma a sangrar
Levando na ideia uns lábios que invejo
E aquela janela virada pro mar

Marinheiro do Mar Alto
Quando as vagas uma a uma
Prepararem-te um assalto
P´ra fazer teu barco em espuma

Repara na quilha bailando na crista
Das vagas gigantes que o querem tragar
Se não tens cautela não pões mais a vista
Naquela janela virada pro mar

Se mais ainda houvesse mais fortes correra
Lembrando-me em noites de meigo luar
De uns olhos gaiatos que estavam à espera
Naquela janela virada pro mar

Mas quis o destino que o meu mastodonte
Já velho e cansado viesse encalhar
Na boca da barra e mesmo defronte
Daquela janela virada pro mar

Marinheiro do mar alto
Olha as vagas uma a uma
Preparando-te um assalto
Entre montes de alva espuma

Por mais que elas bailem numa louca orgia
Não trazem desejos de me torturar
Como aquela doida que eu deixei um dia
Naquela janela virada pro mar

(Frederico de Brito)


Naqueles dias a seguir ao naufrágio esta canção, escrita por Frederico de Brito e interpretada pelo saudoso Tristão da Silva, não me saía da ideia. Dolorosamente lembrando um naufrágio, não sei se real ou não, ela me falava e acalmava o coração. Procurei a letra na internet e publiquei-a num dos meus blogues. Publico-a também aqui, lembrando o naufrágio destes dois jovens tão apaixonados pela vida...

As buscas



Adensavam-se as buscas, mas com o passar dos dias a esperança de os encontrar com vida ia esmorecendo...

As ondas do mar são brancas

As ondas do mar são brancas
No centro são amarelas
Ai da mãe que cria um filho
Para andar no meio delas...
(quadra popupar)



Se não há palavras de consolo para quem perde um filho no mar, o que dizer a quem perde dois?
Para essa mãe desventurada vão todos os meus silêncios e orações.
Dos seus filhos fica a lembrança: Gilberto, o bem-disposto e alegre; Amâncio, o reservado, corajoso, trabalhador...
Felipa Monteverde

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Gilberto na parada de Castelo do Neiva

De Rosa Vieira(Poeta Castelense)

POEMA DE HOMENAGEM

Quem ama, sempre sofre por amor!
Quando perdemos alguém que amamos
A dor não tem limite, porque o amor já não tinha!
Queremos tocar quem amamos, falar e ouvi-los
Quando isso não é possível,
Que é o momento que estás a viver,
Parece que o mundo desaba sobre nós.
Mas esta realidade está escrita no livro da natureza
Nós, somos que a queremos contrariar,
Mas impotentes que somos, não conseguimos,
Apenas cedemos e ficamos desconsolados…
A vida por cá é uma passagem, por vezes mal aproveitada
Tantas vezes desperdiçada…
Vale sempre muito aos olhos do SEU AUTOR,
ELE é o seu gerente, gere-a como entende a nível de tempo…
Temos que procurar ser felizes Sem nos agarrarmos ao passado nem prever o futuro
Mas sim viver o presente para que não passe
Sem nos apercebermos e seja aproveitado
Com quem amamos e gostamos de estar juntos…
Só assim seremos felizes.
Sê feliz, arranja força para isso…
Essa força busca-se em Deus.

Para nunca mais esquecer

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Cátia e Daniel ( adoro-vos)


À minha princesa e ao Gabriel,


Esta fotografia foi o Daniel que a tirou ao romper da manhã do dia 17 de Dezembro de 2009.
Tirou-a e depois enviou-ma, disse-me que foi a pensar nos vossos irmãos.

Acho que é uma fotografia especial, por isso quero partilha-la convosco.
Não sei muito bem como interpreta-la. Vêem-se as nuvens escuras que restam de uma noite terrível de tempestade. Tudo está escuro, feio e sem cor, mas de repente abrem-se as nuvens para deixar passar uns raios de luz.
Sabemos que os raios de luz vêm do céu, mas estes estranhamente parecem estar na direcção contrária, subindo da terra para o céu.

Envio esta imagem para vos lembrar que podeis sentir os vossos irmãos em cada raio de sol. E deixar que esses raios entrem no vosso coração e vos aqueçam e confortem, pois eles estão lá para vos ajudar nas vossas caminhadas, para vos dar luz quando tudo parecer escuro e sem saída.

Um beijinho para ti minha princesinha Vera e outro para ti Gabriel.


"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós. Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós" (Antoine de Saint-Exupéry)


A vossa sempre amiga,

Cátia.

Poema de Fátima Salgado ( obrigada linda adorei)

Anjos…

…as almas mais puras…
…a bondade sem fim…
…a dedicação incondicional aos que mais amam…
…o sacrifício do eu para dar o impossível ao “eu amado”…
…o estender da mão…sempre…
…os que erram para proteger…por amar…
…o acreditar convictamente em alguém…
…a admiração profunda…
…mesmo no errar, o saber perdoar o imperdoável…
Entre o ontem, o hoje e no sempre…

Amâncio…

Apaixonado pelo seu “eu amado”…
…pela pequena alegria d casa…
…por quem lhe pertencem, a família…
Amante da vida…
Inspiração de força na vida…
Líder da sua batalha…
Tímido aos olhos do desconhecido…
Olhar sereno…
Sabedoria sensata…

Gilberto…

Sorriso contagiante…
Conquistador do seu mundo…
Vencedor dos seus obstáculos…
Espírito de aventura…
A curiosidade pelo desconhecido…
Portador da pura alegria…
E, símbolo de ternura constante…

Aqui perdura nas palavras, nas imagens…
…a memória de dois dos mais preciosos Anjos…
…que alguma vez, poderemos ter ao nosso lado…



Fátima Salgado

sábado, 23 de janeiro de 2010

Correio da manhã


Buscas dificultadas pelas más condições do mar
Irmãos pescadores continuam desaparecidos
O segundo dia de buscas para tentar localizar os dois irmãos que ontem desapareceram ao largo de Castelo de Neiva, Viana do Castelo, foi novamente infrutífero.


O comandante da capitania local, Martins dos Santos, as buscas desta quinta-feira foram "muito dificultadas" pelo estado do mar, que apresentava "forte ondulação".

Para este segundo dia de buscas foram deslocados uma aeronave de asa fixa e um helicóptero "Alouette", ambos da Força Aérea, e uma corveta. Na costa, elementos da Polícia Marítima efectuaram patrulhas.

As buscas vão prosseguir amanhã e, se as condições meteorológicas melhorarem, serão destacadas duas embarcações semi-rígidas.

Amâncio Pereira, de 30 anos, e o irmão Gilberto, de 32 anos, desapareceram a duas milhas da costa quando a embarcação em que seguiam naufragou. O barco foi encontrado ontem pelas 13h00, virado ao contrário, e sem sinal dos dois pescadores que estavam muito habituados às condições do mar.

Jornal de Noticias

Dois irmãos desaparecem em naufrágio junto a Neiva
Saíram para a faina do polvo e não regressaram a terra
2009-12-17
LUÍS HENRIQUE OLIVEIRA
Dois pescadores de Castelo de Neiva, em Viana do Castelo, estão desaparecidos desde ontem, quarta-feira.

O naufrágio da embarcação em que seguiam ocorreu de manhã, ao largo da localidade. Buscas são hoje retomadas, em terra e no mar.

A consternação e a dor tomaram, ontem, conta das gentes de Castelo de Neiva. Dois irmãos, que haviam saído, de madrugada, para a faina do polvo, não regressariam a terra. O barco onde seguiam foi encontrado, virado, a cerca de quatro quilómetros ao largo da localidade. Mas de Amâncio e Gilberto Pereira, nem sinal.

Segundo a família, os dois irmãos deixaram o portinho da localidade por volta das 4.30 horas de ontem. Duas horas e meia depois seriam contactados por um colega, que voltava para terra. A ele, ter-lhe-ão dito que iriam ainda permanecer "mais um pouco" no mar. "Que vinham mais tarde." Às 9 horas "deviam já estar no cais", mas não apareceram. Mais tarde, a família tentaria, em vão, contactá-los por telemóvel.

"Estávamos a estranhar a demora deles, pelo que decidimos contactá-los por telefone, uma vez que não dispunham de rádio. Como não atendiam, nem o telemóvel dava sinal, alertámos outros colegas e as autoridades e fomos em busca do barco", contou, emocionado, Manuel Sá, um dos marítimos de Castelo de Neiva que foi em auxílio dos irmãos, afiançando que deu, de imediato, conta à Capitania que "faltava um barco em Castelo de Neiva".

Mobilizados para o local viriam, então, a ser duas embarcações semi-rígidas - da Capitania vianense e do Instituto de Socorros a Náufragos -, apoiadas por um helicóptero dos serviços da Protecção Civil e por uma corveta da Marinha. As buscas, que, de acordo com as autoridades, viriam a ser dificultadas pelo forte vento e fraca visibilidade, viriam a encontrar, perto de uma hora depois, a embarcação "Amâncio Pereira", uma bateira com cerca de seis metros de comprimento, virada e presa ao fundo pelo cabo de uma das bóias.

"Não tiveram tempo para nada. Foi tudo repentino", observam os marítimos, dando as autoridades conta que, no local, foram recolhidos os coletes salva-vidas, bóias e parte da estrutura da embarcação onde se encontrava o GPS e a sonda. A família dos pescadores, que há cerca de um ano começaram a fainar juntos a bordo da pequena bateira, não encontra explicações para o sucedido.

De acordo com o comandante da Capitania de Viana do Castelo, Martins dos Santos, as buscas prolongaram-se, ontem, até perto das 20 horas, altura em que um helicóptero da Força Aérea deu por terminadas as operações. No local permanece a corveta "António Enes", da Marinha Portuguesa, estimando as autoridades retomar, hoje de manhã, as buscas "logo que estejam reunidas as condições necessárias".

Segundo Martins dos Santos, prevê-se, para hoje, um agravamento das condições do mar, o que poderá condicionar o envolvimento de alguns meios, designadamente, das embarcações semi-rígidas. Contudo, considera tratar-se de meios que "poderão avançar uma vez reunidas as condições para o fazer". Equacionado está, também, o apoio da Protecção Civil, que mobilizou, ontem, mergulhadores dos bombeiros para tomar parte nas buscas, que hoje decorrerão, também, em terra. Concretamente, entre a foz do rio Neiva e a

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Gilberto




Agosto 2009

Amâncio




Agosto 2009

Mar Português

Ó mar salgado, quanto do teu sal
São lágrimas de Portugal!
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,
Quantos filhos em vão rezaram!
Quantas noivas ficaram por casar
Para que fosses nosso, ó mar!

Valeu a pena? Tudo vale a pena
Se a alma não é pequena.
Quem quer passar além do Bojador
Tem que passar além da dor.
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,
Mas nele é que espelhou o céu.


Fernando Pessoa

Amâncio


Foto tirada em Agosto 2008

Gilberto (Agosto 2008)